Homilia - 12/12/2021 - III Domingo do Advento
Na coroa de advento, acendemos hoje a terceira vela. Esta vela tem cor diferente porque o terceiro Domingo do Advento é denominado como “Domingo da Alegria”. Por isso a cor da terceira vela é diferente da cor roxa que no Advento simboliza a vigilância. Por que este domingo é o “Domingo da Alegria”? Porque estamos próximos do Natal
Natal é uma festa da alegria, mas parece que deixou de ser uma festa cristã, a comemoração do nascimento de Jesus Cristo nosso Salvador. Devemos reconhecer que o Natal não é mais uma celebração só religiosa e cristã. O Natal tornou-se uma festa humana, universal, com uma vasta variedade de motivações e celebrações.
As famílias reúnem seus membros em redor de uma mesa farta. Organizam-se campanhas em favor dos necessitados, o que é louvável. É comum que as pessoas se preocupam com presentes. É pena que o espírito consumista tenha invadido o coração da maioria das pessoas. Assim perdeu-se o sentido profundo do Natal manifesto na simplicidade e na pobreza de uma manjedoura em que nasceu Jesus. O Papai Noel roubou o verdadeiro sentido de Natal e se colocou no lugar do Menino Jesus deitado numa manjedoura. Lamentável!
No Evangelho de hoje, vemos várias pessoas fazendo a João Batista uma pergunta muito simples, no entanto, importante: o que devemos fazer?
Todos nós, algum dia, já fizemos essa pergunta. João não dá uma resposta vaga, do tipo “façam o bem e evitem o mal”. As respostas podem ser aplicadas à situação concreta de cada um. Ele propõe o caminho da honestidade. João propõe a mudança de vida pessoal, a mudança nos relacionamentos sociais a partir da honestidade.
À multidão João Batista dá uma resposta que serve para todos: "Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo" (Lc 3,11). Portanto, a honestidade promove a solidariedade. Isso é básico, a partilha é fundamental para nos sentirmos família com os outros filhos de Deus.
Depois João Batista vai particularizando as orientações. Aos publicanos, cobradores de impostos diz que não cobrem mais do que o imposto prescrito, porque a falta de honestidade nesta área produz corrupção capaz de roubar todo um povo, como aconteceu no Brasil.
Aos soldados, que usam armamento, manda que não usem a violência e não compactuem com a injustiça.
Podemos imaginar que outras orientações João daria se vivesse hoje entre nós. O que será que ele diria aos políticos? Aos cientistas? Aos juízes e advogados? Aos pais e professores? Aos funcionários e operários? Aos motoristas? Aos jovens?
Percebemos, no entanto, que João não cai na tentação de ter resposta para tudo, nem de se sentir simplesmente “o sabe-tudo”. Sente-se insignificante diante daquele que virá: “Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias” (Lc 3,16). Ele sabe que seu papel é apenas de preparar o povo para a chegada do Messias.
À pergunta “o que devemos fazer”, João Batista tem uma resposta e indicação diferente para cada um de nós. Você como pai ou como mãe, você casado ou solteiro, você aposentado ou profissional, qual é o compromisso novo que deve assumir no Reino de Deus? Você que é jovem, que está preocupado com o vestibular ou com o seu futuro, já descobriu o lugar de Deus em sua vida?
João Batista, certamente, quando fala em conversão e mudança de vida, não quer que a nossa conversão seja apenas da boca para fora ou de sentimentos. Ele pensa numa conversão que se realiza através de atos concretos, através de ações de honestidade.
Quem segue o Cristo não pode apenas se perguntar “em que devo crer?”. Cristianismo não é apenas “ter fé”. Cristianismo é vida, é ação.
Neste domingo, poucos dias antes de Natal, devemos perguntar: o que devo fazer para que Cristo possa nascer e estar presente em minha vida e na vida dos outros?
Frei Gunther Max Walzer