Homilia - 02/01/2022 - Solenidade Epifania do Senhor
A festa de hoje, Epifania, popularmente, é conhecida como Festa dos Santos Reis ou “Folias dos Reis”. Nela, os cantores, com suas violas e também enfeitados, saem pelas ruas, saudando com alegria o Menino Jesus que nasceu. Na liturgia da festa de hoje enfocamos a visita dos magos a Jesus recém-nascido em Belém.
Os magos, com seu conhecimento limitado, a partir da observação do céu, partiram em busca de algo novo que eles não conheciam. A orientação pelas estrelas era uma prática comum no oriente, de onde nos vem os signos dos horóscopos e do zodíaco, e o nome de muitas constelações.
Os sinais que aparecem na natureza manifestam indicações onde podemos encontrar Deus. Você pode alegar que não sabe ler os sinais dos astros e que a astronomia é uma ciência complexa e para poucos. Concordo com você e até mesmo incluo-me neste grupo de não entendedores de astronomia. Mas, tem um elemento que os astros continuam despertando em nós: a admiração.
Hoje, celebramos a festa da Epifania. Essa palavra significa "manifestação”. Mas, que manifestação é esta? Deus manifesta-se a todos os povos através de Jesus. Ele é o SALVADOR que veio para todos os povos e nações.
Esta luz é a presença de Jesus Cristo entre nós. O Evangelho de Jesus é a luz do mundo, aquela luz capaz de iluminar um novo tempo e uma nova sociedade. O próprio Jesus se apresenta como “luz do mundo”. Se nos deixamos iluminar pela luz do Evangelho, a luz de Jesus brilhará em nossas vidas e em nossa comunidade. Epifania é a manifestação da luz divina aqui na terra.
Os magos partiram para conhecer e homenagear um rei que eles não conheciam, de um reino cujas dimensões ignoravam.
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2,7).
Quando os Reis Magos viram a estrela brilhando no Oriente entenderam que um novo Rei tinha nascido. Sendo guiados pela luz de uma estrela. Chegaram à cidade de Jerusalém e depois até o Menino.
O que levou estes homens a virem de tão longe e por quê deixaram o rei Herodes tão preocupado? Será que Herodes, morando tão perto, não soube das notícias do nascimento do Filho de Deus?
Herodes não pôde adorar, porque não quis nem pôde mudar o seu olhar. Não quis deixar de prestar culto a si mesmo, pensando que tudo começava e terminava nele. Não pôde adorar, porque o seu objetivo era que o adorassem a ele. Nem sequer os sacerdotes puderam adorar, porque sabiam muito, conheciam as profecias, mas não estavam dispostos a caminhar nem a mudar.
Assim muitos cristãos conhecem o Evangelho, mas nunca passaram pela experiência de se encontrar com Jesus. E quando este encontro não acontece também não há conversão e adoração.
Os Magos puderam adorar, porque tiveram a coragem de caminhar e, prostrando-se diante do pequenino, prostrando-se diante do pobre, prostrando-se diante do insólito e desconhecido Menino de Belém, descobriram a Glória de Deus.
Os magos partiram para conhecer e homenagear um rei que eles não conheciam, de um reino cujas dimensões ignoravam.
“E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2,7).
O Papa Francisco, em sua homilia, recomendou: “Devemos seguir o exemplo dos Magos, que o Evangelho descreve como “sempre em movimento”, “sair de si e buscar, não ficar fechado olhando o que acontece ao redor, mas arriscar a própria vida”.
“A vida cristã é um caminho, feito de esperança e feito de busca; um caminho que, como o dos Magos, prossegue também quando a estrela desaparece, momentaneamente, da vista. Neste caminho existem também coisas que devem ser evitadas: as conversas superficiais e mundanas, que freiam o passo na caminhada; os caprichos paralisantes do egoísmo; o pessimismo, que aprisiona a esperança”.
“Não basta saber que Deus nasceu, se não se faz com Ele Natal no coração”, alertou Francisco. Os Magos fizeram isto, prostraram-se e o adoraram. “Não olharam para ele somente, não fizeram somente uma oração circunstancial e foram embora, mas o adoraram, entraram em comunhão pessoal de amor com Jesus. Depois, deram a ele ouro, incenso e mirra, isto é, os bens mais preciosos”.
Neste sentido, o Papa exorta a aprendermos dos Magos a não dedicar a Jesus somente os “retalhos de tempo e algum pensamento piedoso de vez em quando, pois assim não teremos a sua luz”, mas devemos sim, “nos colocar a caminho, revestindo-nos de luz seguindo a estrela de Jesus e adorar o Senhor com todo nosso ser”.
Poucos dias atrás festejamos o nascimento do nosso Salvador. Ainda, estamos vendo a luz que brilhou naquele “noite feliz”? Ainda, estamos seguindo aquela luz?
Melhor seria perguntar: - Que luz nós estamos seguindo?
- Que estrelas estão nos guiando? – Nós corremos atrás de quê? - Em que estamos investindo os nossos esforços? - Quais são as nossas prioridades?
Em que empregamos o nosso tempo, nosso dinheiro, nossas preocupações e o nosso trabalho?
Epifania é isso: A luz apareceu, Jesus veio para nos mostrar o caminho certo da vida e da nossa salvação. Os magos descobriram a luz e orientaram a caminhada da sua vida seguindo a estrela. Assim encontraram Jesus, o Salvador, se ajoelharam e o adoraram. Jesus veio ao nosso encontro, mostrando-nos o caminho da paz.
Frei Gunther Max Walzer