Homilia - 12/11/2023 - XXXII Domingo do Tempo Comum
Alguma vez você já preparou uma festa, reunião ou aula, se organizou, agendou, providenciou todos os preparativos, convidou as pessoas, e quando chegou o dia, elas não compareceram?... Decepção! Cada uma tinha uma desculpa para justificar a ausência?... Só quem já passou por isso, sabe o quanto é deprimente, triste... Você já passou por uma situação assim? Você sabia que Deus já passou e passa por isso? Muitas vezes por dia, todos os dias?
No texto do evangelho, Jesus fala de jovens que estava preparadas para a chegada do noivo e de outras que não estavam.
O assunto da nossa reflexão é a vigilância. Muitas são as desculpas para nao vigiar!
Hoje não, ainda não, sou muito jovem, ou já estou muito velho, tenho que trabalhar, tenho que passear, tenho negócios a resolver, tenho fisioterapia, tenho uma festa para ir, hoje é final do campeonato de fotebol...... Estas são algumas de muitas desculpas que encontramos para não estar vigilante.
Para muitos todas as coisas são mais importantes do que estar com o Pai. Somente se lembram dEle quando as coisa vão mal, então, rapidamente, voltam-se a Deus. Neste momento então, Ele tem que ajudar imediatamente, pois as suas causas são sempre prioridades, e caso a benção não venha na velocidade de um raio, ai....vc já sabe a resposta.
Muitos acham que é fácil assim, vou para Deus quando quiser, farei as coisas do meu jeito e Deus vai ter que me atender, muitos em sua arrogância dizem: “ eu sou filho de Deus, fui batizado, comprado pelo precioso sangue do cordeiro, a Bíblia diz que tudo que pedir em seu santo nome ele concederá”. Lindo né? A Bíblia realmente diz isto, porém ela diz mais: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lucas 9,23). O que estamos dispostos a negar para seguir Jesus? Nada?
Já escutamos muitos tipos de desculpas de quem não quer aceitar o convite. Muitas vezes as coisas com as quais nos ocupamos e fazem parte do nosso dia a dia são as que mais nos afastam da intimidade com Deus. Não encontramos tempo para orar, para participar da Eucaristia e nos alimentar com o pão da Vida, fugimos do sacramento da Penitência porque achamos que não temos pecado. Também, não assumimos compromisso com o serviço do Reino porque há coisas “mais importantes” que precisamos realizar.
Há poucos dias celebramos o Dia dos Finados, quando recordamos familiares, amigos e todas as pessoas, que fizeram história em algum momento no percurso da nossa vida. O texto do Evangelho tem ligação com essa recordação se no dia dois de novembro lembramos os que já partiram e estão participando do banquete celeste com o Pai e, hoje, Jesus nos lembra na parábola que devamos estar preparados para o dia da partida desta vida aqui na Terra.
A morte num bom sentido nos dá um impulso para dar valor à vida. A festa de bodas, símbolo usado na parábola, refere-se ao encontro com Deus depois da morte. Como ninguém sabe o dia da morte, a hora da preparação, de acender a lâmpada da conversão, é sempre agora.
Todos nós, a humanidade inteira, foi surpreendida pela Covid 19. De repente, um vírus coloca o mundo dentro de casa, impede a sociedade de se relacionar naquilo que era a normalidade e a morte faz separar tantos entes queridos sem despedida de seus familiares e amigos..
Ou lembramos o dia sete de outubro, quando o terror ceifou milhares de pessoas, crianças e idosos, homens e mulheres.
É disso que Jesus fala na parábola das dez virgens. Fala da alegria eterna que vamos ter na festa das núpcias e para a qual devemos nos preparar
Jesus está nos alertando sobre a urgência de estar preparado. Como já mencionamos outras vezes, as parábolas sempre usam imagens fortes e impressionantes para realçar a mensagem central. Esta mensagem encontramos, hoje, no fim do texto: “Fiquem vigiando porque vocês não sabem qual será o dia e a hora”.
Estas palavras referem-se à segunda vinda do Senhor. Para esta vinda do Senhor, Jesus conta a parábola das dez moças que estava esperando o noivo e se preparando para a festa. Havia ali algumas moças sem responsabilidade, mal preparadas. O noivo atrasou a chegada. O óleo das tochas acabou. Metade das moças ficou sem luz, pois, não levaram vasilhas com óleo de reserva. Não deu outra: as moças ficaram de fora, pois as prudentes não deram óleo e o noivo não as deixou entrar. Perderam a festa!
O que diria você de alguém que não enche o tanque de gasolina do carro para poder voltar para casa depois de uma festa? Ou não coloca um dinheirinho no bolso para comprar a passagem de volta?
Na parábola, algumas moças estão de prontidão, pensam nas coisas essenciais. As outras descuidadas preocupam-se com o vestido, com as joias, com os perfumes, com o penteado, e, por fim, esqueceram-se da coisa mais importante: do azeite.
Acontece também em nossos dias: conhecemos pessoas que perderam o rumo pensando só em coisas fúteis e secundárias (festas, prazeres, diversões...) e não se dão conta de estarem perdendo um tempo valioso.
A festa de bodas, símbolo usado na parábola, refere-se ao encontro com Deus depois da morte. Como ninguém sabe o dia da morte, a hora da preparação, de acender a lâmpada da conversão, é sempre agora.
Deixar de fazer o bem para “qualquer dia” é correr o risco de que isso fique para “o dia de São Nunca”. Estar de lâmpada acesa é prestar atenção ao que acontece, ver as oportunidades que estão à nossa volta, para não pecar por omissão. Por isso, precisamos nos preparar! Enquanto é tempo toda hora é hora para adquirirmos o “óleo” que manterá a nossa lâmpada acesa. A espécie de óleo que é necessário para iluminar o caminho e romper a escuridão não é partilhável. Esse óleo não se pode dividir, é pessoal, suficiente apenas para os prudentes. Como pode alguém partilhar a fé e o testemunho?
Como pode alguém partilhar as atitudes ou as experiências de uma missão? Cada um deve obter essa espécie de óleo por si mesmo.
Na parábola, o óleo podia ser comprado no mercado. Em nossa vida, o óleo da preparação e vigilância é acumulado gota a gota por meio de atos de caridade e solidariedade . Cada ato de dedicação e amor é uma gota acrescentada em nossa lâmpada.
A verdade é que não podemos pedir emprestada a preparação espiritual dos outros. Alguém pode pensar que seja suficiente um bom sentimento, um bom pensamento no fim da vida, para deixar tudo em ordem. Uma vida mal usada não se reconstrói no último minuto. Naquela hora ninguém nos poderá emprestar uma parte de sua vida (é este o sentido do azeite que é negado pelas moças prudentes).
É na intimidade com a Palavra de Deus que vigiamos à espera do noivo que virá um dia nos levar para a morada que Ele mesmo nos preparou. As imagens usadas nas parábolas de Jesus querem nos alertar a respeito da seriedade com que se deve avaliar escolhas que fazemos na vida. Cada momento é precioso e deve ser usado para o único objetivo que no final dá valor à vida: o amor, a doação de si ao irmão.
Frei Gunther Max Walzer