Homilia - 13/01/2013 - Batismo do Senhor
Assistindo aos noticiários de TV, novamente como quase todos os anos, vemos a força destruidora das chuvas nos Estados do Rio de Janeiro e outras regiões do País. Milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas e ficaram sem nada, apenas com a vida e a roupa no corpo.
Pela experiência sabemos que água demais causa inundação e afogamento e a falta de água gera seca como temos atualmente em algumas regiões do Nordeste onde não chove há seis meses.
A água é o elemento vital do ser humano. Toda a vida provém da água. Sem água não há vida. Quando falamos em água, pensamos na água que mata nossa sede, pensamos na água de um bom banho, pensamos na água que sai das torneiras de nossas casas.
Jesus recebeu o Batismo nas águas do rio Jordão. Com água fomos batizados. Celebramos hoje a festa do Batismo do Senhor. Muita gente pode perguntar: Jesus precisava ser batizado? Por que recebeu o batismo? Qual o sentido do batismo de Jesus? Podemos perguntar: a partir do batismo de Jesus, qual o sentido do nosso batismo?
Para respondermos a estas perguntas, nada melhor do que refletirmos sobre as leituras proclamadas na liturgia de hoje.
Diz o Evangelho que o povo estava na expectativa da vinda do Messias, isto é, daquele que deveria chegar para tirá-lo da opressão política e religiosa. O povo pensava que pudesse ser João Batista que conclamava o povo a se converter e voltar para a justiça de Deus.
João Batista reage, afirmando categoricamente que não era ele: “Eu batizo vocês com água”, diz ele, “mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias.”
Na verdade, o Messias já estava ali no meio daquela multidão, mas incógnito, misturado no meio do povo. Ninguém sabia. Junto com o povo, ele também mergulha na água como sinal, não de uma “conversão”, mas de uma “missão”. Diz o Evangelho que, “enquanto ele rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma visível, como pomba” e do céu ressoou uma voz dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”.
O ponto alto do batismo de Jesus está no fato de o Espírito Santo descer sobre ele em forma visível, e na voz que vem do céu. A voz do Pai é a confirmação de que Jesus tem uma missão especial a. cumprir.
Foi, portanto, ali, no Batismo, realizado nas águas do Rio Jordão, que tudo começou. Por isso, desde o seu Batismo, tudo que Jesus fez, tudo que lemos e ouvimos no Evangelho, é Jesus que está realizando sua missão sob a ação do Espírito de Deus que nele vive.
Esta festa de hoje nos faz pensar no nosso batismo. Se alguém lhe fizesse a pergunta: “Porque precisamos ser batizados?”. O que é que você responderia a esta pessoa?
Nosso batismo também foi o início de nossa missão como seguidores e seguidoras de Jesus Cristo. O sacramento do Batismo nos faz filhos de Deus e irmãos de Jesus e, com isto, irmãos de todos. O batismo nos faz membros da comunidade de Jesus, da Igreja.
Se eu perguntasse: você se lembra onde foi batizado e como foi seu Batismo? Certamente, você me responderia (com um sorriso irônico) dizendo que foi batizado criança recém-nascida e, por isso, não tem como lembrar. É verdade! Mesmo assim, lembro que minha pergunta foi sobre “onde” e “como” foi seu Batismo. Alguém deve ter contado se você foi batizado numa igreja ou em casa ou no hospital. A grande maioria dos cristãos, infelizmente, interessa-se pouco pelo seu Batismo ou, se lhe contaram alguma coisa, isso ficou na memória como uma cerimônia religiosa da sua infância. Nestes cristãos, o Batismo nunca tornou a pessoa um batizado adulto. A Certidão de Batismo está esquecida numa gaveta qualquer e só é tirada quando exigida para fazer a documentação necessária para o casamento.
Nosso Papa, ao visitar a vila onde nasceu, ficou durante um instante rezando ao lado da pia batismal e disse: “Aqui tudo começou”. Ele lembrou que sem o Batismo não seria sacerdote e papa, nem cristão.
Diz o Evangelho que, quando Jesus foi batizado, “o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma visível, como pomba” e do céu ressoou uma voz dizendo: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”.
Foi isto que aconteceu no nosso batismo e acontece em cada batismo. O Espírito Santo desce sobre o batizado, ou seja, a força viva e pessoal do amor divino e, ao mesmo tempo, o Pai eterno olha para o seu novo filho e diz: “tu és o meu filhinho em ti ponho o meu bem-querer”.
Quanto Deus nos ama! Não nos falta às vezes a consciência deste amor de Deus? Deus Pai nos ama com a mesma intensidade e plenitude com que ama seu Filho.
Para que tenhamos sempre presente em nossa vida este imenso amor de Deus precisamos de sinais visíveis. Como é de lamentar que nas escolas querem retirar os crucifixos! Existe maior prova do amor de Deus do que o crucifixo?
Nos meses que antecedem a JMJ Rio 2013, os jovens carregam uma cruz pelo nosso País. Esta Cruz da JMJ está passando, nesta semana, pelas comarcas da nossa Arquidiocese. É assim, desse modo, que jovens convidam jovens para a Jornada Mundial da Juventude. Muitos a chamam de Cruz dos Jovens.
Qual é o significado dessa cruz que os jovens carregam? Qual é a dimensão da Cruz do Cristo na vida dos jovens? Foi o próprio Beato, o Papa João Paulo II em 1986, quem explicitou o significado dessa cruz ao entregá-la aos jovens na Praça de São Pedro em Roma: “Levem esta Cruz pelo mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade e anunciem a todos que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção.”
A JMJ convoca os jovens a serem missionários, anunciadores e presença viva do Evangelho: jovens evangelizando jovens!
Ao ser batizado no rio Jordão, Jesus começou a anunciar o Reino, começou a realizar sua missão.
Com o nosso batismo participamos da missão de Cristo, portanto, todos nós somos missionários. Na JMJ os jovens são chamados a colocarem em prática a vocação missionária que no batismo receberam.
Rezemos e ofereçamos a nossa força e disponibilidade para que este acontecimento seja frutuoso e que muitos jovens vivam sua vocação batismal e venham a ser verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo.
Frei Gunther Max Walzer, Ofm